Um homem que se alimentava da Palavra de Deus, que falava ao coração das pessoas, de maneira simples e direta: este era Tonino Bello. O cardeal Matteo Zuppi, presidente da Conferência Episcopal Italiana, destacou seus traços na tarde desta quinta-feira, 20 de abril, ao presidir a Missa na catedral de Nossa Senhora da Assunção em Molfetta, região italiana da Puglia, organizada pela Diocese de Molfetta-Ruvo-Giovinazzo-Terlizzi para recordar o bispo que morreu há trinta anos. Aquele bispo que amava ser chamado de "dom" (padre) era movido por uma inquietude "que o levava a não aceitar a fome, mas a semear a paz sempre e em todo lugar", disse o purpurado; paz que deve ser semeada "sobretudo hoje, quando vivemos cenários ainda piores na dramática guerra que está sendo travada na Ucrânia e nos outros pedaços de conflito que nos comovem a todos e nos impõem uma escolha". Paz que dom Tonino definiu como vocabulário, explicando que "o rio da paz se alimenta de afluentes e flui em estuários que têm nomes desafiadores e profundos como desarmamento, economia da justiça, salvaguarda da criação, legalidade e democracia, direitos humanos, não-violência, participação, respeito às pessoas, bens comuns".
Uma voz às vezes recebida com incômodo
Em sua homilia, o cardeal Zuppi repetiu várias vezes que sentiu a necessidade de pedir perdão a dom Tonino, porque "sua voz evangélica foi mal compreendida, exigente como é o Evangelho que pede amor verdadeiro, não sucedâneos", um amor que envolve tudo", "sem astúcias, cálculos, eclesiasticismos, instrumentalidades, ideologias". Uma voz que às vezes foi também "recebida com incômodo ou mínima suficiência, com piedade paternalista", entendida como fruto de "intemperanças, exageros úteis para alguma ação demonstrativa" e não como de "escolhas que envolvem toda a Igreja, escolhas de campo, de perspectivas". "Não fazíeis concessões e recordavas que o amor a Deus e ao nosso irmão menor entre todos são a mesma coisa e que, se falta um, falta também o outro", acrescentou o presidente da Conferência Episcopal Italiana, dirigindo-se idealmente ao bispo declarado venerável há cerca de dois anos. E o purpurado também pediu perdão a dom Tonino por todas as vezes que sua palavra foi imitada mas não vivida, esvaziada e tornada verbal, enquanto que para ele "era para fazer falar a vida e nela vislumbrar o rosto de Cristo", buscado "com profunda sede de amor diante do tabernáculo e na Eucaristia" e reconhecido no rosto de cada pessoa.
A estola e o avental do padre
Fonte: Vatican News
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